BLADE RUNNER – 1982
Diretor: Ridley Scott
Uma das maiores histórias de
ficção científicas já escritas. Ridley Scott em sua melhor fase mostra um filme
que não se preocupa em agradar as massas e sim, mostrar as suas ideias da
melhor maneira possível. Uma ótima trilha sonora, direção de arte e
fotografia e um dos momentos mais célebres do cinema compõem a obra baseada no livro "Do Androids Dream of Electric Sheep?".
Parece-me que nos anos 80 não
existia a preocupação com bilheteria que existe atualmente em Hollywood, não se
escolhiam a dedo as datas de estreia para que não coincidissem com as de outros
filmes, não existia uma preocupação tão forte com o que o grande público
esperava num filme de uma determinada temática/gênero. Isso se reflete na
própria obra de Ridley Scott, de clássicos como o próprio Blade Runner ou o
inesquecível Alien: O oitavo passageiro , para a decadência do filme
Prometheus no ano de 2012. No caso de Blade Runner esse desprendimento refletiu
severamente em sua bilheteria, o filme foi muito mal, provavelmente o E.T do
Spielberg que estreou um pouco antes contribuiu com o fracasso inicial do
filme. O tempo passou, a obra de Ridley Scott se tornou Cult e para muitos é
uma das maiores ficções cientificas já filmadas.
Parte
desse fracasso inicial do filme se deve ao difícil entendimento do enredo.
Blade Runner é um filme de ideias, de conceitos não de naves espaciais e robôs
do futuro. A trama é ambientada em uma
Los Angeles do ano de 2029 em que a civilização humana possui colônias em
outros planetas, desenvolve androides modificados geneticamente para executar
trabalhos que não seriam possíveis, ou seriam muito arriscados se fossem feitos
por mãos humanas. Esse androides, chamados de replicantes, funcionam como
escravos da raça humana. Caso algum Replicante fuja das colônias para a Terra,
ele é caçado e eliminado, quem realiza esse serviço são pessoas que trabalham
para um departamento especial da polícia e são chamadas de Blade Runners.
Deckard,
vivido por Harrison Forde, é um Blade Runner aparentemente fora de serviço que
é convocado para caçar um grupo de replicantes que escaparam de uma colônia da
Terra, esses replicantes fazem parte de uma linha chamada Nexus-6, são
idênticos aos humanos normais fisicamente, porém podem ser muito mais fortes e
inteligentes que o normal. Agora Deckard terá que caçar e eliminar todos esses
replicantes. Não pretendo contar mais sobre a trama, daqui pra frente teria que
ter uma zona de spoilers pra quem não viu o filme.
O
filme é repleto de questionamentos interessantes... Como uma vida artificial adquire
características humanas e como os humanos começam a se tornar tão frios com o
passar do tempo? Como o ser humano se portaria ao descobrir ser capaz de criar a
vida propriamente dita? O filme esbanja
pequenos momentos desse tipo e, para aqueles que conseguem perceber a sutileza
como Riddley Scott coloca isso no filme, o torna uma experiência bem
gratificante.
Quanto ao elenco, não vou me
aprofundar muito, mas no geral ele cumpre o seu papel, vale aqui destacar
algumas participações: Harrison Ford como narrador da história e interpretando
o caçador de androides Rick Deckard, Sean Yong no papel da replicante Rachel e
Rutger Hauer brilhantemente no papel do replicante Roy Batty.
A fotografia e a direção de arte
do filme se destacam, utilizando uma idéia de futuro meio retrô. Consegue construir a atmosfera perfeita para o desenrolar
da trama e ,ao mesmo tempo, nos esbanjar cenas belíssimas de Los Angeles no
futuro. A ambientação desse filme foi fortemente utilizada para compor vários outros filmes de Hollywood posteriormente.
Um
dos pontos altos do filme acontece em uma das cenas finais em que o replicante
Roy Batty diz “Vi coisas que vocês homens nem imaginam. Naves na guerra em
chamas na constelação de Orion. Vi raios C resplandecentes no escuro perto do
portal de Tannhauser. Todos esses momentos perdidos no tempo, como lágrimas na
chuva. Tempo para Morrer”, explicitando o sentimento que um replicante carrega
e o desespero que é viver sabendo que o abismo se aproxima, e que, tudo aquilo
que ele viveu vai acabar “como lágrimas na chuva”. Vale aqui lembrar que esse
diálogo é , na verdade, um IMPROVISO do
ator Rutger Hauer e compõe uma das cenas mais memoráveis da história do cinema na
minha opinião.
Blade Runner é um dos meus filmes
favoritos e não é atoa que se tornou um clássico cult com o passar dos anos.
Aqui vai um aviso: Blase Runner não é um filme para ser visto apenas uma vez,
veja, reflita um pouco, reveja e tire as suas dúvidas, após isso comece a tirar
as suas conclusões sobre a obra.
Dica: procure a versão final cut
do filme. Blade Runner sofreu muitas readaptações devido a influência
hollywoodiana, alguma versão contém cenas extras que estranhamente remodelam o
entendimento do filme, pelo menos para mim, retira a possibilidade de uma
interessante interpretações da trama, tirando um pouco da complexidade do
filme.
Pra quem curte ficção científica
e é fan, ou pelo menos gosta de Blade Runner aqui vai uma recomendação: assista
a trilogia Ghost in the Shell (Ghost in the Shell (1995), Ghost in the Shell 2:
Innocence (2004) e Ghost in the Shell: Stand Alone Complex: Solid State
Societ (2006) ) ,originalmente escrito por Masamune Shirow em 1989, e adaptado para a animação em 1995.
E O QUE TEM DE NOVO SOBRE BLADE
RUNNER?
Tem o maravilhoso bluray
comemorando o aniversário de 30 anos da estréia desse épico que inclui a
miniatura do spinner, o carro voador, uma cacetada de extras e um livro de arte
conceitual. Também existe a
possibilidade de um remake da obra, mas por enquanto não temos muitas
informações sobre isso.


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