sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Blade Runner



BLADE RUNNER – 1982

Diretor: Ridley Scott



             Uma das maiores histórias de ficção científicas já escritas. Ridley Scott em sua melhor fase mostra um filme que não se preocupa em agradar as massas e sim, mostrar as suas ideias da melhor maneira possível. Uma ótima trilha sonora, direção de arte e fotografia e um dos momentos mais célebres do cinema compõem a obra baseada no livro "Do Androids Dream of Electric Sheep?".

Parece-me que nos anos 80 não existia a preocupação com bilheteria que existe atualmente em Hollywood, não se escolhiam a dedo as datas de estreia para que não coincidissem com as de outros filmes, não existia uma preocupação tão forte com o que o grande público esperava num filme de uma determinada temática/gênero. Isso se reflete na própria obra de Ridley Scott, de clássicos como o próprio Blade Runner ou o inesquecível Alien: O oitavo passageiro , para a decadência do filme Prometheus no ano de 2012. No caso de Blade Runner esse desprendimento refletiu severamente em sua bilheteria, o filme foi muito mal, provavelmente o E.T do Spielberg que estreou um pouco antes contribuiu com o fracasso inicial do filme. O tempo passou, a obra de Ridley Scott se tornou Cult e para muitos é uma das maiores ficções cientificas já filmadas.

                Parte desse fracasso inicial do filme se deve ao difícil entendimento do enredo. Blade Runner é um filme de ideias, de conceitos não de naves espaciais e robôs do futuro.  A trama é ambientada em uma Los Angeles do ano de 2029 em que a civilização humana possui colônias em outros planetas, desenvolve androides modificados geneticamente para executar trabalhos que não seriam possíveis, ou seriam muito arriscados se fossem feitos por mãos humanas. Esse androides, chamados de replicantes, funcionam como escravos da raça humana. Caso algum Replicante fuja das colônias para a Terra, ele é caçado e eliminado, quem realiza esse serviço são pessoas que trabalham para um departamento especial da polícia e são chamadas de Blade Runners.


 Deckard, vivido por Harrison Forde, é um Blade Runner aparentemente fora de serviço que é convocado para caçar um grupo de replicantes que escaparam de uma colônia da Terra, esses replicantes fazem parte de uma linha chamada Nexus-6, são idênticos aos humanos normais fisicamente, porém podem ser muito mais fortes e inteligentes que o normal. Agora Deckard terá que caçar e eliminar todos esses replicantes. Não pretendo contar mais sobre a trama, daqui pra frente teria que ter uma zona de spoilers pra quem não viu o filme.

                O filme é repleto de questionamentos interessantes...  Como uma vida artificial adquire características humanas e como os humanos começam a se tornar tão frios com o passar do tempo? Como o ser humano se portaria ao descobrir ser capaz de criar a vida propriamente dita?  O filme esbanja pequenos momentos desse tipo e, para aqueles que conseguem perceber a sutileza como Riddley Scott coloca isso no filme, o torna uma experiência bem gratificante.




Quanto ao elenco, não vou me aprofundar muito, mas no geral ele cumpre o seu papel, vale aqui destacar algumas participações: Harrison Ford como narrador da história e interpretando o caçador de androides Rick Deckard, Sean Yong no papel da replicante Rachel e Rutger Hauer brilhantemente no papel do replicante Roy Batty.

A fotografia e a direção de arte do filme se destacam, utilizando uma idéia de futuro meio retrô. Consegue construir a atmosfera perfeita para o desenrolar da trama e ,ao mesmo tempo, nos esbanjar cenas belíssimas de Los Angeles no futuro. A ambientação desse filme foi fortemente utilizada para compor vários outros filmes de Hollywood posteriormente.


Um dos pontos altos do filme acontece em uma das cenas finais em que o replicante Roy Batty diz “Vi coisas que vocês homens nem imaginam. Naves na guerra em chamas na constelação de Orion. Vi raios C resplandecentes no escuro perto do portal de Tannhauser. Todos esses momentos perdidos no tempo, como lágrimas na chuva. Tempo para Morrer”, explicitando o sentimento que um replicante carrega e o desespero que é viver sabendo que o abismo se aproxima, e que, tudo aquilo que ele viveu vai acabar “como lágrimas na chuva”. Vale aqui lembrar que esse diálogo é , na verdade, um IMPROVISO  do ator Rutger Hauer e compõe uma das cenas mais memoráveis da história do cinema na minha opinião.

Blade Runner é um dos meus filmes favoritos e não é atoa que se tornou um clássico cult com o passar dos anos. Aqui vai um aviso: Blase Runner não é um filme para ser visto apenas uma vez, veja, reflita um pouco, reveja e tire as suas dúvidas, após isso comece a tirar as suas conclusões sobre a obra.

Dica: procure a versão final cut do filme. Blade Runner sofreu muitas readaptações devido a influência hollywoodiana, alguma versão contém cenas extras que estranhamente remodelam o entendimento do filme, pelo menos para mim, retira a possibilidade de uma interessante interpretações da trama, tirando um pouco da complexidade do filme.

Pra quem curte ficção científica e é fan, ou pelo menos gosta de Blade Runner aqui vai uma recomendação: assista a trilogia Ghost in the Shell (Ghost in the Shell (1995), Ghost in the Shell 2: Innocence (2004) e Ghost in the Shell: Stand Alone Complex: Solid State Societ (2006) ) ,originalmente escrito por Masamune Shirow em  1989, e adaptado para a animação em 1995.




E O QUE TEM DE NOVO SOBRE BLADE RUNNER?


Tem o maravilhoso bluray comemorando o aniversário de 30 anos da estréia desse épico que inclui a miniatura do spinner, o carro voador, uma cacetada de extras e um livro de arte conceitual.  Também existe a possibilidade de um remake da obra, mas por enquanto não temos muitas informações sobre isso.

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